Os Sindicato foram criados na recta final da década de 1960. Este projecto foi praticamente um «who's who» do rock nacional de então. Pelas suas fileiras passaram Ricardo Levy e Júlio Gomes (guitarras), Edmundo Falé (voz, ex-Ekos e Conjunto Mistério), João Maló (ex-Chinchilas e guitarrista de estúdio, pai do compositor Nuno Maló), Eduardo Oliveira (também conhecido como Necas, e que participaria nas gravações do 1º LP do Quarteto 1111, sendo mais tarde um dos membros dos NZZN), Vítor Mamede (bateria, ex-Chinchilas e futuro membro dos Status, Quarteto 1111 e Green Windows), Rui Cardoso (saxofone, ligado ao jazz desde os finais dos anos 50 e autor de bandas-sonoras de vários filmes portugueses) e Rão Kyao (que tinha já integrado o Bossa Jazz 3, partindo já depois do 25 de Abril para uma reconhecida carreira a solo), além de dois outros músicos na secção de sopros, Luís Pereira (trompete) e Cirilo Coutinho (trombone), este último já falecido, assim como Jorge Palma que foi teclista e cantor dos Sindicato, banda rock com ambições a ser uma espécie de Blood Sweat & Tears portugueses, para o que muito contribuiu a inclusão de uma secção de metais da qual fazia parte Rão Kyao. O facto dos Sindicato terem de coordenar uma série tão diferente de sonoridades inspirará Palma a trabalhar como arranjador, carreira que o ajudará a sobreviver durante parte da década de setenta, ao regressar, depois do 25 de Abril, de uma estadia de um ano na Dinamarca para evitar a chamada à guerra colonial.
Numa época em que primeiro os Blood, Sweat And Tears e depois os Chicago surgiam com um rock marcado pelas sonoridades do jazz, os Sindicato tentavam também, tal como o projecto O Controle, mostrar que em Portugal havia um caminho a trilhar nessa área. No que toca a edições discográficas, deixariam apenas os seus talentos no single «Smile», de 1971, e em dois temas da colectânea de Paulo de Carvalho publicada no mesmo ano pela Phonogram, editora hoje representada pela Universal e com a qual o grupo tinha contrato.
No primeiro destes discos, apresentavam, no lado A, a composição original homónima, com uma progressão musical algo devedora do free-jazz, e, no lado B, uma leitura muito particular para «Blue Suede Shoes», de Carl Perkins. A produção ficou a cargo de Luís Villas-Boas, patrono do jazz português, que na altura colaborava com a editora.
Os Sindicato foram encarregues de fazer versões instrumentais precisamente para «Flor Sem Tempo» e para «Walk On the Grass», um dos dois temas que o espanhol Manolo Díaz entregou à «Voz» nacional.
No Verão de 1971, os Sindicato participaram no Festival de Vilar de Mouros, actuando no fim-de-semana dedicado à «música moderna para a juventude», a 7 e 8 de Agosto. Com Edmundo Falé como vocalista, o grupo apresentou a sua música a um público que não entendia as deambulações jazzísticas e elaboradas dos músicos, mas que depois não regataria aplausos ao concerto da Manfred Mann's Earth Band (que ainda estava a seis meses da edição do seu álbum de estreia).
Em 1972, a banda terminou a sua carreira.
Sem comentários:
Enviar um comentário