sexta-feira, 16 de julho de 2010

Latin'America


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Os Jáfumega deram-se a conhecer ao grande público em 1980, pela mão da editora independente Metro-Som, que fez chegar às lojas o seu álbum de estreia, "Estamos Aí!". No entanto, os Jáfumega foram apenas a continuação do projecto Mini-Pop, formado na década de 70, sob o impulso de um grupo de adolescentes precoces no domínio dos instrumentos musicais. O núcleo duro era composto pelos irmãos Mário e Eugénio Barreiros, aos quais se juntaram, mais tarde, o vocalista Luís Portugal e o saxofonista José Nogueira, numa altura em que o uarteto adoptou a designação de Jáfu'Mega, mais tarde Já'Fumega e, finalmente, Jáfumega.
O grupo trouxe grande inovação ao panorama do rock português, que se encontrava na altura em vias de desenvolvimento, sendo formado por um conjunto de grandes músicos ligados ao jazz e empenhados em escrever boas canções, cuja combinação recolheu os aplausos da crítica especializada.
Em 1981, o grupo conseguiu um êxito estrondoso com o tema "Ribeira", inspirado na zona ribeirinha do Porto, um feito pouco comum para uma banda, que apenas tinha o apoio de uma editora independente e poucos recursos. No entanto, com o crescimento do rock em território nacional, os Jáfumega tornaram-se em apenas mais uma banda, igual às que então começavam a surgir, com a particularidade de ser associada à canção "Ribeira", que lhe proporcionou uma grande dose de popularidade.
Pouco tempo depois, o grupo assinou o contrato discográfico com a PolyGram, que se empenhou a sério na promoção dos seus álbuns seguintes, "Jáfumega" (1982) e "Recados" (1983), junto do público por meio da rádio e da imprensa, salvando assim o grupo de uma possível subvalorização.
Vistos como um nome à parte dentro da embalagem do rock português, pelo simples facto de que não faziam música rock, os Jáfumega foram colocados no top dos melhores músicos portugueses, e viram assim os dois álbuns serem vivamente recomendados pela crítica.
A rádio teve um papel preponderante na divulgação do trabalho do colectivo, apostando em força em quatro dos oito temas que deram forma ao disco homónimo. Foram eles "Só Sai A Ti (Society)", "Kashbah", mas principalmente "Nó Cego" e "Latin'América".
"Recados" foi promovido com base nas faixas "Romaria" e "La Dolce Vita", ambos grandes êxitos de rádio, que não chegaram, no entanto, para que os discos se tornassem em alvo de grande procura por parte do público consumidor.
O sucesso comercial não correspondeu ao nível das críticas tecidas pela imprensa escrita, e o saldo acabou por se desenhar negativo, o que teve grande influência na dissolução da banda em 1984.
Os músicos seguiram todos rumos diferentes, sendo que José Nogueira enveredou pela linha do jazz tradicional, tornando-se colaborador habitual de António Pinho Vargas; Luís Portugal, após um período de silêncio, tornou-se vocalista do grupo Luís & os Vandidos, que nunca chegou a gravar, para mais tarde desenvolver o seu próprio projecto a solo, do qual resultaram três álbuns, intitulados "Coisas Simples" (1993), "Alta Vai A Lua" (1995) e "Ao Vivo" (2000).
Mário Barreiros, à semelhança de José Nogueira, seguiu pela área do jazz, mas sempre ligado à pop, e foi, sobretudo como produtor, que se evidenciou, tendo sido responsável por muitos dos mais importantes registos da música portuguesa, tais como "Mingos e os Samurais" e "Auto da Pimenta" de Rui Veloso, e "Viagens" e "Tempo", de Pedro Abrunhosa, tendo produzido igualmente discos dos portuenses Clã e Ornatos Violeta.

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